Moda não se resume apenas às roupas e aos desfiles. Seu alcance e abrangência vão muito além disso, penetrando profundamente na cultura e no comportamento da sociedade, influenciando nossas vidas cotidianas, mantendo íntimas relações com quem somos e com o quê queremos comunicar. Justamente por isso a moda não é – e nem pode ser – entendida como uma commodity qualquer. Muito mais que isso, ela é objeto de estudo e reflexões sócio-comportamentais (quase antropológicas) e até mesmo filosóficas.
Justamente por isso que uma boa crítica de moda é de extrema importância nos dias de hoje. Esse foi o assunto discutido pelo professor de filosofia da Universidade de Bergen, na Noruega, Lars Svendsen, também autor do comentado livro “Fashion: A Philosophy” (a ser lançado no Brasil em 2010), no último dia do Pense Moda 2009.
Atualmente, Svendsen enxerga a crítica num estágio ainda muito imaturo, onde muitos dos textos publicados acabam sendo uma grande mistura de opiniões sem fundamento e exaltações que não levam em conta os acontecimentos na indústria. Na outra extremidade, a indústria da moda ainda não entende o papel de avaliador que a imprensa pode ter sobre determinados trabalhos criativos.
Quando comparada à crítica de arte ou literatura, onde há uma forte tradição, a crítica de moda ainda não amadureceu por uma série de motivos. O primeiro deles, afirma o professor, é a falta de espaço para assuntos relacionados à moda na grande imprensa. Frequentemente considerada algo trivial ou sem importância, a moda acaba perdendo seu lugar para outras áreas como cinema, música e artes.